Como apoiar um amigo que perdeu alguém querido
Talvez uma das coisas que deixe o ser humano mais feliz e realizado enquanto pessoa é o ato de ajudar um amigo. Ajudar um amigo na escola, no emprego, a fazer uma tarefa difícil, a superar um problema familiar e porque não, ajudá-lo quando ele perde alguém? Desejo para isso existe, mas é comum que as pessoas se sintam paralisadas diante dessas situações que, de tão certas que são, parecem inusitadas. Dizer “meus pêsames”, “foi melhor assim”, “ele estava sofrendo” são jargões que se escuta em praticamente todo momento de perda de um ente querido, mas sabemos – e sentimos – que isso não é suficiente. Não para um amigo, não para aquele que não queremos ver sofrendo. E talvez aí esteja nosso primeiro erro nessas situações: “não querer ver nosso amigo sofrendo”. Não que tenhamos que gostar de ver a tristeza no rosto de uma pessoa tão querida, mas precisamos respeitar. Diante do mundo que não tolera muita tristeza, que exige que nosso amigo fique bem de forma rápida para seguir em frente, sem “perder tempo”, ele precisa de alguém que respeite sua dor, que simplesmente esteja ali ao lado, caminhando junto, sem pressa para que ele “seja forte” ou que “saia logo dessa”. Ele também precisa de alguém com quem possa conversar sobre a pessoa que morreu, que o deixe falar de como era quando a pessoa estava “por aqui” e de como ele sente saudade dela hoje.
É comum que as pessoas evitem falar com o enlutado sobre o ente querido que morreu, com receio de que desperte a dor. Autores trazem, porém, que os enlutados precisam, caso desejem, falar do seu ente querido, ou corremos o risco de que eles sofram isoladamente com receio de compartilhar suas dores, ou ainda, magoados por achar que todos já esqueceram da pessoa que se foi.
O luto, de fato, é de quem perde. E cada um vai ter uma vivência individual que precisa ser respeitada. Não exija do seu amigo que perdeu alguém que ele, por exemplo, desabafe com você. Esteja a postos, apenas. Deixe-o livre para escolher onde e como vai manifestar sua dor.
Ainda não tem o que falar? Não sabe como agir? Então abrace, olhe-o com carinho, com compreensão, chore com ele. Fique ao lado do seu amigo sem pronunciar uma palavra, pois a presença nesse momento é o mais importante. Como nos diz Cora Coralina, “muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, […] silêncio que respeita…”. Simples assim.